Violência
Em junho de 2006 retornei para Floripa depois de passar dois anos no exterior. E após este curto espaço de tempo, notei severas mudanças na cidade. E não estou me referindo à feiúra, à quantidade de lajes cobrindo casinhas à beira das estradas para as praias, aos milhares de outdoors, às lojas de material de construção em cada esquina, ao contínuo ciclo de poluição e destruição de praias (destrói e ocupa – inflaciona e elitiza – caga tudo e não limpa – desvaloriza e vai embora). Falo da violência. Não só da violência comum, esta das páginas policiais, do número de assaltos, roubos e assassinatos que também aumentou assustadoramente. Me preocupo mais ainda com um certo clima de violência que está no ar, que está na cara feia daquele transeunte que passa me encarando, do motorista que vem e não desvia de mim quando caminho à beira da estrada, ou que passa rente ao meu carro quando estou dirigindo. Existe algo sim, há, agora, esta sensação na atmosfera florianopolitana, essa convicção de que todos são inimigos, de uma desconfiança geral, de uma competição de esperteza, do quanto mais malvado melhor, e de que se vacilar, dança.
Esta cidade não é nem nunca foi terra de santos, mas que as coisas não eram assim, não eram. Até pouco tempo, éramos meio tansos, meio simplórios até, confiávamos em todo mundo, fugíamos da porrada e só queríamos debochar dos outros. A opinião que eu tenho a respeito das causas desta metamorfose, quero deixar bem claro, não são movidas por nenhuma sentimento xenófobo, mas eu realmente penso que a migração foi o que trouxe essa nuvem de violência que paira sobre Florianópolis. Não que as pessoas que vieram morar aqui sejam bandidas, não que elas tenham promovido isso voluntariamente, não que elas não devessem ter vindo. O que eu quero dizer é que estas gentes todas, escoladas no caos de suas cidades de origem e fugindo dele, acabaram por trazê-lo para cá na forma dessa desconfiança, desse “não levo desaforo”, desse “atiro primeiro, depois pergunto”, dessa insegurança permanente.
Aliado a este fenômeno natural e inevitável – que, no fim das contas, está trazendo Floripa para a realidade do Brasil –, colabora também para ele a índole absorvedora de más idéias do nativo. Na falta de uma cultura local definida, ou por essa tansice a que me referi acima, ele encampa coisas, comportamentos, jeitos de ser, da galera de outros lugares.
É por isso que adolescentes andam pela Lagoa de boné para o lado, roupas de beisebol (roupas de beisebol!!!!) e um berro na cintura, ouvindo rap americano (do qual eles não entendem uma palavra, aliás, a maioria dos americanos tampouco entende) e se comportando com se fizessem parte de uma gang californiana. É por isso, por essa mania de copiar merda, que torcedores do Avaí e do Figueirense, de toca de lã na cabeça em pleno verão, pulam nas arquibancadas imitando a maneira de torcer e os gritos de guerra de times paulistas, e depois vão atirar pedra nos ônibus do adversário para assassinar um menino de 17 anos. É por isso que alguns tarados locais (ou metidos a locais) se enchem de tatuagens ridículas – índios americanos, dragões chineses e os mais variados símbolos tribais dos quais ninguém conhece a tribo ou o que significam – raspam o cabelo, e vão para a praia dar porrada em quem eles intitularem haoles, dentro do mais puro espírito havaiano.
Esta cidade não é nem nunca foi terra de santos, mas que as coisas não eram assim, não eram. Até pouco tempo, éramos meio tansos, meio simplórios até, confiávamos em todo mundo, fugíamos da porrada e só queríamos debochar dos outros. A opinião que eu tenho a respeito das causas desta metamorfose, quero deixar bem claro, não são movidas por nenhuma sentimento xenófobo, mas eu realmente penso que a migração foi o que trouxe essa nuvem de violência que paira sobre Florianópolis. Não que as pessoas que vieram morar aqui sejam bandidas, não que elas tenham promovido isso voluntariamente, não que elas não devessem ter vindo. O que eu quero dizer é que estas gentes todas, escoladas no caos de suas cidades de origem e fugindo dele, acabaram por trazê-lo para cá na forma dessa desconfiança, desse “não levo desaforo”, desse “atiro primeiro, depois pergunto”, dessa insegurança permanente.
Aliado a este fenômeno natural e inevitável – que, no fim das contas, está trazendo Floripa para a realidade do Brasil –, colabora também para ele a índole absorvedora de más idéias do nativo. Na falta de uma cultura local definida, ou por essa tansice a que me referi acima, ele encampa coisas, comportamentos, jeitos de ser, da galera de outros lugares.
É por isso que adolescentes andam pela Lagoa de boné para o lado, roupas de beisebol (roupas de beisebol!!!!) e um berro na cintura, ouvindo rap americano (do qual eles não entendem uma palavra, aliás, a maioria dos americanos tampouco entende) e se comportando com se fizessem parte de uma gang californiana. É por isso, por essa mania de copiar merda, que torcedores do Avaí e do Figueirense, de toca de lã na cabeça em pleno verão, pulam nas arquibancadas imitando a maneira de torcer e os gritos de guerra de times paulistas, e depois vão atirar pedra nos ônibus do adversário para assassinar um menino de 17 anos. É por isso que alguns tarados locais (ou metidos a locais) se enchem de tatuagens ridículas – índios americanos, dragões chineses e os mais variados símbolos tribais dos quais ninguém conhece a tribo ou o que significam – raspam o cabelo, e vão para a praia dar porrada em quem eles intitularem haoles, dentro do mais puro espírito havaiano.
7 Comentários:
Opa Pierre, tudo bom?
Provavelmente você já deve estar sabendo do Festiv´Alma desse ano, um festival gigante de tudo quanto é coisa relacionada a cultura surf. Meu nome é Fernando Spuri e queria falar contigo sobre o seu blog e o festival.
Demos uma pesquisada e vimos que o seu endereço é um dos mais legais que trata de cultura surf e queríamos convidar você e os seus leitores para participarem da divulgação. Vamos deixar dois ingressos aqui a sua disposição. Se você quiser ir com alguém, dar pra amigos, distribuir pro pessoal que lê seu blog, é você que sabe... Assim você vai poder conferir o que rola de verdade por lá.
Dentro do Festiv´Alma acontece a V Mostra LuiLui de Arte e Cultura, o IV Festival Osklen de Cinema e o III Festival Billabong de Música. São várias coisas durante os 4 dias, e isso falando beeem por cima.
Pra ver toda a programação e tudo o que acontece, dá uma olhada no www.festivalma.com.br e confira.
Espero que tenha gostado,
Abraço,
Fernando Spuri
Olá Pierre!
Td legal!
Sou nativo da ilha, local do Campeche e concordo plenamente com suas colocações!
Parabéns pelo Blog!
abraço!
Rafael
Pierre
Acho que não nos conhecemos pessoalmente, mas temos um colega em comum; Maurio. Já tinha lido alguns textos seus, mas perdi seu contato. Antes gostaria de dizer que sou de Imbituba. Vim prá cá pra estudar na Escola Técnica Federal que meus pais idealizavam pro meu futuro, mas acabou nao dando muito certo e entre indas e vindas passei mais tempo aqui, cerca de 13 anos, do que na zimba. Mas tava lá quase todo o final de semana. Surfei e surfo em qualquer praia da ilha e em outras do estado sem me incomodar pelo respeito que tive e posteriormente pelo que adquiri sabendo sempre quando era a minha hora. Vi as coisas acontecendo. Morei em pensão onde dormiam 8 ou até 10 num quarto. Talvez não tenha muito a ver com o que vou colocar mas, vi muita mudança acontecendo e sempre me indignei também. Hoje digo que sou um pouco daqui, mas assim como muita gente constituí minha vida e minha família aqui, mas sou da época que era como vc falou, antes até. Mas nunca gostei dos "forasteiros" que também invadiram Imbituba, depois de acabarem com muita coisa em Garopaba. Ainda que preservada, após os inumeros WCT´s, Imbituba começa a sentir a sensação de se tornar uma cidade turistica logo após a duplicação da BR 101. Isso aconteceu aqui também, e hoje aquela pureza da manezada, está sendo esquecida mesmo, como vc falou. A invasão foi altamente acelerada quando uma tal prefeita que por aqui esteve, turbinou o caminho em direção ao "futuro" e ao "progresso turistico", divulgando a cidade pelos quatro cantos do mundo e protagonizando slogans tipo "Capital da Qualidade de Vida", entre outros. Isto atraiu e atrai pessoas além da capacidade desta ilha, ainda que não totalmente povoada, vai se tornar em pouco tempo, "in-sustentavel", além do que já é. E não me digam que a maioria se beneficia que não é verdade. A maior fatia fica para uma minoria e para uma "patota", que comanda ou manda comandar. Em que deu o "Moeda Verde"? Nada vezes nada!!! Se eu precisar escrever mais irei começar a me indignar. Mas continuamos imóveis e alienados, principalmente a juventude que talvéz tivesse alguma chance de mudar alguma coisa. Esta manifestação do canto do Gravatá por exemplo, era para ter recebido, no mínimo, 4 vezes o numero de pessoas que lá estiveram. Tudo em nome do capitalismo desemfreado. É assim que vai continuar acontecendo, e a cada mês - eu disse mês -, o numero de habitantes cresce consideravelmente, isso até que a ilha afunde, como diria qualquer uma manézinho. E o Pato já tá ai, pago e assado.
Abraço
Eduardo Rosa
perfeito teu texto Pierre.
Nasci e morei a minha vida toda qui na ilha... logo que tiver oportunidade estou saindo daqui, vou morar ali no continente, la mais para o interior, um sitio... é lamentável falar isso mas eu desisti da ilha, não tenho mais nem vontade de cuidar e tentar fazer algo bom por ela... nem reclamo da crowd na agua pq la dentro eu me viro traquilo... mas a falta de educação no transito, todo mundo querendo se dar bem em cima de todo mundo, furar fila... como você falou, acontece em todo Brasil, mas antes aqui não acontecia...
tenho uma casa de praia numa praia especial lá para região de laguna... lá todo mundo se empenha em cuidar do lugar, em 20 anos foram construídas somente umas 10 casas, nem isso acho... hoje em dia é proibido construir lá mesmo tendo "espaço"... todo carinho que eu posso ter por um lugar foi depositado lá... a ilha ficou sem, nada... sinto que foi tomada por pessoas ricas, ignorantes, consumistas que só querem shopping center e uma casa no costão de alguma praia... o Guga Kuerten parece uma boa pessoa, pena que todo dinheiro que ele ganhou no tênis, foi "investido" no desmatamento da ilha...
Maravilha de texto.
Na mosca.
Abrazzo
Julio
Eu cresci na Barra da Tijuca de 25 anos atras que foi um paraíso dentro do Rio e aos poucos( ou muito rápido até )se transformou num caos identico ao que voce descreve e tenho um palpite sobre a causa >>>>> a mídia safada meu broddi, explanando a pureza dos costumes e tradições locais, ensinando merda pros moleques. Tinha Fluir naquela epoca ? Tinha Lost ? isso só no surf sem falar de rede globo,etc.
No mais é aquela mania de viver todos amontoados uns em cima dos outros,pagando milhões num quarto e sala,para a alegria das construtoras. Porque nego não se espalha ? são quilometros de praias pelo Braza...Os blogs não precisam ser vendidos e talvez seja uma esperança de um mídia LIMPA. valew !
The MONKEY
Estamos a procura de parceiros para nossa Rádio WEB ...
Vejam o link -> http://lagrimapsicodelica.blogspot.com/2009/08/parceria-blogs-sites-com-radio-web.html
Abraços Equipe lágrima
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