segunda-feira, junho 18, 2007

Tudo que a manezada diz vira lei.

Gostaria que alguém me esclarecesse em que baseiam-se os pescadores para acusar de "espanta-tainhas" o movimento dos surfistas na arrebentação. Baseados em que trabalho científico, em que relatório biológico, eles apontam o surf como a causa da baixa safra no Moçambique? Será que simples pranchas e braços em meio ao caos que já é a arrebentação das praias (que são públicas, diga-se de passagem) espantam mais os peixes do que barcos, remos, motores e redes? Gostaria de saber também quantas pessoas vivem, hoje, exclusivamente da pesca artesanal na Ilha de Santa Catarina e a importância da tainha no sustento desse pessoal. Não acredito que esses dados representem algo importante o suficiente para justificar a paralisação das atividades de dezenas de milhares de praticantes do surf - o segundo esporte mais praticado no Brasil - em Florianópolis.
Mais do que um meio de sustento, a pesca artesanal passou a ser, hoje, uma atividade cultural e os esforços pela sua preservação se justificam. Mas infelizmente, os tempos mudam e como tudo mais, a pesca artesanal também precisa se adaptar a estas mudanças. Afinal, o surf só tende a crescer e a pesca artesanal, como a caça, como a coleta de frutos na mata, deve ir desaparecendo aos pouquinhos, pelo menos como base do sustento de alguém.
O negócio é que tudo que os “manés” dizem vira lei. Ninguém pode com esses caras, não tem policia, não tem governo, não tem ciência, não tem jiu-jitsu, nada. Grande parte da responsabilidade disso acontecer pertence aos manés urbanos e aos forasteiros que endeusam o nativo das praias, que acham tudo que ele faz lindo, e engraçadinho. Daí, dá nisso: pescador expulsando gente da praia, neguinho entrando na casa dos outros atrás de boi e etc.